quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Fontes de Lisboa



Durante muito tempo ouvi um amigo perguntar-me como era possível que os lagos da Av. da Liberdade ainda estivessem sem funcionar. Dizia-me que queria fazer o seu trabalho - este amigo é realizador - e que a água só corria quando despejada a baldes do cimo das fontes.

Sei que, por vezes, as boas notícias ou os pequenos grandes pormenores escapam ao nosso olhar, julgando mesmo que sempre fizeram parte do nosso quotidiano, mas a verdade é que não.

Há vários meses que todos os lagos da Avenida já estão a trabalhar, algo que há anos - penso que há muitos - não acontecia; e que, ainda em fase de testes, também a Fonte Luminosa da Praça do Império em Belém voltou a funcionar.

A intervenção na Fonte vai permitir passar a ter programas de funcionamento diferentes para cada dia, não sendo necessária a intervenção humana no local, como acontecia até aqui.

Esta peça de enorme valor artístico e patrimonial, foi construída em 1940 aquando da realização da Exposição do Mundo Português e é da autoria do Arquitecto Cotinelli Telmo. Desde 2004 que não funcionava com regularidade, privando-nos a todos do seu esplendor. Agora está de volta e, espero, por muito anos.

Bem sei que, infelizmente, outras há que ainda não jorram como outrora, mas também essas lá chegarão.

Jardim Bordaliano



O ano de 2010 começa logo por trazer um "novo" jardim a Lisboa.

Está concluído e pode ser desde já visitado o Jardim Bordallo Pinheiro, no Museu da Cidade. Um trabalho fantástico da artista Joana Vasconcelos, e da fábrica de cerâmica das Caldas, que recriou este recanto da Cidade, tornando-o ainda mais especial.

Uma boa forma de receber o novo ano.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Orçamento Participativo - 2ª fase


Começou hoje a segunda fase - votação - do 2º Orçamento Participativo. Até dia 15 de Janeiro, todos os cidadãos podem votar nas propostas que querem ver implementadas na nossa cidade, e que a Câmara irá executar.

Esta é uma medida que me deixa particularmente orgulhoso. É um exemplo de democracia participativa, de participação cívica, pela qual batalhei e que se tornou realidade ainda no mandato passado. Lisboa passou, assim, a ser a primeira capital da Europa a dispor uma parte considerável - 5 milhões de Euros - do seu Orçamento Municipal para ser aplicada em função da decisão directa dos seus munícipes.

Felizmente, em matéria de participação, este não foi o único exemplo que propus enquanto vereador e que passou à prática. A realização de reuniões de câmara públicas descentralizadas, com todo o Executivo a deslocar-se a todas as freguesias, fundamentais para sentir e ouvir as preocupações dos cidadãos, foi outra das medidas implementadas no mandato passado - dia 6 de Janeiro retomam.

Acredito, como sempre acreditei, na participação cívica. A democracia faz-se com todos e todos são importantes para tornar Lisboa numa cidade melhor. E até 15 de Janeiro todos devem participar.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Sobre o Príncipe Real


Tenho acompanhado em silêncio toda a actividade em torno do Jardim França Borges (Príncipe Real). Todas as coisas que têm dito: algumas acertadas, a maioria sem razão.

Entristecia-me o estado a que deixaram chegar o jardim, no coração do Príncipe Real, sítio onde nasci há 51 anos, o que reforça a minha ligação com este espaço.

A recuperação de miradouros, jardins e praças foi e é um dos meus objectivos. Entristecia-me vê-los escuros, maltratados, indignos da sua dimensão e da sua importância para esta Cidade.

Tal como já aconteceu nos miradouros de São Pedro de Alcântara e do Torel, nos jardins Botto Machado, Francesinhas ou Cesário Verde, entre outros, e como está a acontecer noutros locais de Lisboa, a reabilitação do Jardim França Borges era, há muito, exigida. E era devida.

Desde os anos 90 que se prometia. Desde os anos 90 que se falava que “para o ano é que é”. Desde os anos 90 que os moradores do Príncipe Real e os lisboetas em geral esperavam e desesperavam, e enquanto isso o jardim ia-se lentamente degradando.

Isso acabou. Prometi devolver a dignidade àquele espaço e é isso que a CML está a fazer.

Não estamos a destruir, estamos a requalificar, a devolver a identidade ao jardim.

Não estamos a abater árvores, estamos a substituí-las; maioritariamente Choupos doentes, mal formados, com fragilidades mecânicas e que apresentavam risco para as pessoas e bens. A mais antiga tinha 28 anos e o funcionário que a plantou ainda trabalha na Câmara; na altura para substituir Ulmeiros.

Vamos substituí-las, de novo, agora por Lódãos, bem mais consentâneos com um jardim romântico como este.

Não há nenhuma árvore histórica envolvida, felizmente, porque até essas adoecem.

Em Maio, em parecer, a DRCLVT afirmou que “a intervenção proposta ao nível da vegetação baseia-se num levantamento exaustivo que suporta decisões coerentes a nível arbóreo, arbustivo e herbáceo, salvaguardando a segurança de transeuntes e bens, a imagem romântica do jardim público e a gestão integrada em termos de manutenção”; propondo desde logo “a aprovação da intervenção a nível da vegetação”.

O mobiliário é o que lá existe. Os pavimentos serão em saibro compactado, em vez de alcatrão.

E, mais uma vez, tudo isto tem parecer favorável do IGESPAR.

Sobre a participação pública e a necessidade de informar à população, digo apenas o seguinte:

- A CML distribuiu no jardim, uns fins-de-semana antes da obra começar, um folheto com informação sobre o projecto;
- A CML, também antes das obras se iniciarem, através de uma empresa especializada, entregou nas caixas do correio de várias ruas nas imediações do jardim, 6000 exemplares de uma carta do presidente António Costa dirigida aos munícipes. Nessa carta está explicito que as operações prevêem a “recuperação do coberto vegetal e a substituição de árvores de alinhamento”;
- A CML colocou, várias semanas antes do início da obra, um cartaz com o projecto e o resumo da intervenção;
- A CML informou a Junta de Freguesia das Mercês, que tem o projecto há vários meses para possível consulta nas suas instalações;
- Eu, enquanto vereador, reuni, já depois do início das obras, com representantes da Associação Sétima Colina, que compreenderam o âmbito da intervenção; esclareci pessoalmente várias pessoas que me contactaram e abordaram sobre o assunto.

Falta de informação? Não me parece. Talvez excesso de contra-informação.

Mas admito que houve um aspecto em que falhámos. Falhámos no dia do abate. Podíamos e devíamos ter feito mais e melhor na informação prestada e na forma como a acção foi feita. Também eu sofro ao ver o abate de uma árvore e compreendo a exaltação. Julgo que foi aí que falhámos.

Mas nada justifica as mentiras e os jogos políticos que, infelizmente, manipulam a opinião de cidadãos, maioritariamente bem intencionados, distorcendo a realidade dos factos e empolando as reacções.

Do ponto de vista paisagista este é um excelente projecto, feito por uma arquitecta paisagista da CML, e não sou apenas eu que o digo. Vários especialistas, entre os quais o Prof. Gonçalo Ribeiro Telles, a Prof. Aurora Carapinha, o Prof. Fernando Catarino e a Prof. Luisa Schmidt defendem o projecto.

Consideram a proposta de requalificação do Jardim França Borges “uma intervenção criteriosa, adequada (…) exemplar e que devia ser considerada como referente de uma boa prática de intervenção em património paisagístico”.

A garantia que dou a todos é que o Jardim do Príncipe Real voltará a ter a dignidade que merece. Será um espaço mais iluminado, mais seguro, mais fresco e bonito, como deviam ser todas as praças e jardins em Lisboa.

Certo é que daqui a quatro meses o Príncipe Real estará restaurado. As novas árvores estarão plantadas e todos os que alimentaram a polémica verão que não havia razões para alarmes. Não quer dizer que vai agradar a todos, nem que as polémicas vão acabar, até porque, o mandato, ainda agora começou.

Neste, como noutros casos, continuarei a fazer aquilo em que acredito, aquilo que considero ser o melhor para Lisboa, mas atento, por entre a poeira, aos bons conselhos que me dão.

Seria mais fácil não fazer. Seria mais fácil nunca ter denunciado ou nunca ter feito. Mas podem ter a certeza que, com a força com que sempre denunciei, continuarei a fazer por Lisboa. É isso que faz um homem de Lisboa.