terça-feira, 13 de outubro de 2009

Quero agradecer. Posso?



Por Duarte d´Araújo Mata,

Arquitecto paisagista

Eleito deputado municipal pelas listas Unir Lisboa

Neste último mandato fui deputado municipal, independente nas listas pelo Bloco de Esquerda entre 2005 e 2007, enquadrado na candidatura liderada por José Sá Fernandes.

O contexto da AML era diferente: maioria absoluta do PSD. Mas a Câmara Municipal foi até meados de 2007 também do PSD, tendo sido PSD/PP durante cerca de um ano.
Foi neste contexto que pude participar em acesas discussões e discutir propostas sobre variadas soluções para a gestão municipal. Foi nesta situação que pude ter conhecimento de que há muitas pessoas que sabem exercer os seus cargos com isenção, com elevação e com sentido de missão.
Falo neste caso da Drª. Paula Teixeira da Cruz.
Presidente da AML nestes 4 anos, desde cedo sobressaiu que as suas prioridades não eram pura estratégia política nacional, valorização pessoal mas sim os interesses da cidade de Lisboa.
Foi fácil de perceber, pela forma como defendia ou discordava das propostas, pela forma como tratava a Instituição Assembleia Municipal, os Munícipes que a ela se dirigiam ou os diferentes grupos políticos, e mesmo votando muitas vezes diferente da minha bancada, foi visível que a sua preocupação sempre foi Lisboa e os seus destinos.
E isso cada vez mais é o que interessa em política local.
Interessa quem é honesto, quem quer fazer coisas, quem gosta dos sítios para onde é eleito. Sem populismos, sem despesismos, sem loucuras.
Não me esqueço de que a Estrutura Verde da Cidade, de Gonçalo Ribeiro Telles, que começou a emergir este mandato através da construção de alguns dos seus corredores verdes, designadamente o Corredor Monsanto-Parque Eduardo VII, a ligação da Bela-Vista às Olaias, a Quinta da Granja, o Parque Periférico, o Corredor Verde Oriental ou o Corredor Ribeirinho, só foi possível porque em 2007 a Drª. Paula Teixeira da Cruz se empenhou para que o Plano Verde pudesse ter condições para vingar na Assembleia Municipal.
De que interessaria votar contra uma proposta com a qual até se concorda? Por razões de estratégia partidária? Cada vez menos isso é aceitável.
A Drª. Paula Teixeira da Cruz não fez isso, e não fez isso após 2007 quando, por queda do executivo camarário e eleição de outro de sinal político contrário, a Assembleia Municipal precisava ao máximo de todo o empenho e seriedade para que a Cidade pudesse funcionar.

A Drª Paula Teixeira da Cruz defendeu nessa altura que não houvesse eleições intercalares para a Assembleia Municipal. Muitos discordaram. Eu discordei.

Mas, da sua parte, é justo reconhecer que se empenhou para que a Assembleia Municipal não servisse de argumento à paralisação da Cidade. Não foi por ela que muitas propostas foram chumbadas, muitas vezes às cegas ou até aprovadas por engano. Foram inúmeras as vezes em que decidiu, até sozinha, votar contra a sua bancada. Votou com a Cidade. E quando votou contra, também o fez pela Cidade, porque acreditava com certeza que era a posição adequada.
Foi uma lição sobre a forma como podemos sobrepor os interesses de Lisboa à lógica partidária e às estratégias eleitorais em condições muito difíceis.
A política ainda está pouco virada para lidar com estas atitudes e não trata bem que as toma.

E agora uma coisa é certa, não teremos em Lisboa a Drª. Paula Teixeira da Cruz.

E isso parece-me uma má notícia para a Cidade.
E por isso, neste momento, acho que é o mínimo agradecer-lhe o mandato como Presidente da Assembleia Municipal.
Muito Obrigado
!

Foto retirada aqui.

1 comentário:

Pedro Cabral disse...

Cada vez mais sou um apoiante convicto deste movimento. Sabe estar democraticamente e sabe ouvir uma pessoa muito importante: Arqt. Ribeiro Teles. Parabéns pela franqueza relativamente à Dra. Paula Teixeira da Cruz. Parabéns a todos pela votação nas eleições.