sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Sobre a última reunião de Câmara...

... e a oposição alaranjada.

Dizem?
Esquecem
Não Dizem?
Disseram

Fazem?
Fatal
Não Fazem
Igual

(Fernando Pessoa)

É Proibido Proibir!

A minha filha e a amiga gostaram, eu também. O sofá bocca foi uma das peças favoritas.

Implantação da República - Os Botto Machado

No ano das comemorações dos 100 anos da implantação da república, comecei o meu périplo com a visita ao reabilitado Jardim Botto Machado.

A olhar o Tejo, na nova esplanada.



A primeira duvida: Qual dos irmãos Botto Machado dá nome ao jardim, Pedro ou Fernão?

Ambos com história republicana, ambos com curriculum…



Fernão Amaral Botto Machado – “não fez exame de instrução primária, mas ainda assim foi solicitador encartado, deputado, diplomata e jornalista e, ao mesmo tempo, um admirável defensor junto das “classes operárias”, que, aliás, acorriam em massa a ouvir a sua palavra”. Dirigiu o jornal “A Vanguarda” e a revista “Mundo legal e judiciário”, foi deputado logo na Constituinte em 1911 e, já como diplomata, em Tóquio, instituiu ali uma biblioteca e duas escolas (ainda existirão?), deixando a sua biblioteca à “voz do operário” (ainda é útil?).


Pedro Amaral Botto Machado – Em 1891, como 2º sargento, foi um dos mais activos elementos da revolta de 31 de Janeiro, pelo que respondeu em conselho de guerra, sendo condenado a 3 anos de degredo, cumprindo pena em Luanda e Benguela. Em Novembro de 1910, foi reintegrado no Exército e, em 1913, foi nomeado Governador em São Tomé e Príncipe. Foi um dos revoltos propagandistas que percorreram o país em defesa das constituintes, das quais fez parte, como deputado, eleito por Pinhel. Em Gouveia, foi grande benemérito e quem instituiu a ainda existente Banda Filarmónica - Sociedade Musical Gouveense.

Embora a literatura se divida, as actas não… Brevemente revelarei o mistério.

À saída do jardim uma mirada para os lódãos junto ao caminho. Será bom, agora, entre Setembro e Novembro, ouvir, ali, a passarada a comer os seus frutos, por ironia, chamados de "ginginhas do Rei".

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sem Vergonha

Duarte d´Araújo Mata, arquitecto paisagista Eleito local em Lisboa nas listas do PS pela Associação Cívica "Lisboa é Muita Gente"


Ontem na Assembleia Municipal de Lisboa foi chumbada uma proposta que previa manter os espaços verdes da Av. da Liberdade. Assente no princípio básico de que não mais será possível voltarmos a ter espaços verdes abandonados e sem cuidado na Cidade, foi aprovado em Câmara uma proposta de manutenção e conservação por um ano, podendo ser prolongada anualmente até a um limite de 4 anos. Sendo um espaço propício a ser mantido pela autarquia, a verdade é que em 12 de Janeiro de 2010 é uma felicidade a Câmara ter encontrado forma de poder começar a manter espaços, devendo em simultâneo ir avançando com os mecanismos de aumento dos seus quadros na área da manutenção dos jardins, processo que é óbvio não se faz de um dia para o outro, como se sabe.

O PSD acusou o actual executivo de falta de visão, falta de estratégia e falta de convicção na gestão dos espaços verdes para disfarçar que a única razão porque a proposta não passaria eram questões de ajustes de contas, que a tudo se sobrepõem, toldando o bom senso e o discernimento. No limiar da falta de vergonha é o PSD, que ficou associado ao período de maior abandono dos espaços verdes de que há memória, e queixando-se hoje de que não havia dinheiro na altura, pese embora não tenha dado um passo sequer para o encontrar, e que vem agora chumbar mais esta iniciativa.

Prostrado, o PSD deixou morrer os jardins de Lisboa enquanto na Avenida da Liberdade rios de dinheiro foram deitados à rua para plantar flores-de-corte, diariamente, num projecto caricato e sem concurso e também sem explicações até hoje para justificar os arranjos florais de Petúnias, Amores-Perfeito e Violetas.
Sem estratégia, o PSD nada propôs para que os espaços verdes pudessem ser mais sustentáveis, mais resistentes, menos dependentes em manutenção, limitando-se a perpetuar o modelo sem perceber o que estava e está em jogo.
Resignado, o PSD nada fez para dotar o Município de um corpo de jardineiros para tratar dos espaços verdes, tendo optado unicamente pela contratação exterior ou pela desresponsabilização através da passagem indiscriminada e a qualquer preço para as Juntas de Freguesia, deixando depois de pagar a generalidade dos compromissos que havia assumido.
Sem audácia, o PSD não procurou financiamento para a construção de novos espaços, ao contrário deste Executivo não os conseguiu, bem como deixou que todo o tipo de actividades acontecessem na Cidade sem contrapartidas para espaços verdes, não tentou parcerias, não aproveitou as oportunidades para reivindicar melhorias na Cidade. Pouco ou nada fez.

É este PSD que, mesmo quando sobe hoje à tribuna, grita de baixo quando podia, noutras circunstâncias, até quem sabe, falar de cima.
Ontem, sem vergonha, chumbou mais uma proposta.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Lhasa de Sela

Dia 2 de Janeiro soube da notícia.


Aos 37 anos, a voz das canções tristes que amava a vida morreu. Começa 2010 sem a autora livre, apelidada de nómada, de “La Frontera” e “El Desierto” e que cantou Amália em Português (Meu Amor).

Recordo romances (na Alemanha), angústias e os novos caminhos do ex-2009…


É noite:
“Llorando
De cara a la pared
Se para la ciudad”

domingo, 10 de janeiro de 2010

Notas de Trás-os-Montes

No final de 2009 aproveitei uns dias para regressar a Trás-os-Montes. Tomei algumas notas na viagem para colocar neste blogue, e que só agora o consegui fazer. Notas soltas, tomadas em pedaços de papel de ocasião e que aqui partilho.

27 de Dezembro
Chegada a Oura (Vidago). A despedir-me do ano onde o iniciei. Em família, mais uma prenda – o livro de Roberto Bolaño, “2666” – vamos ver se consigo lê-lo no ano que agora começa! Lembro-me de, ainda há poucos meses, ter estado aqui com o pintor João Vieira e de sentir que ia surgir uma amizade transmontana, mas 2009 levou-o… em Lisboa.

28 de Dezembro
De visita a Miranda do Douro, no Nordeste Transmontano, e, depois de uma posta mirandesa, no “Mirandês” (claro!) , ”Las mies purmieras palabras an Mirandês”, úteis para os Espaços Verdes…

… e para o Espaço Público.



29 de Dezembro


É bom acordar e passear na cidade de Miranda do Douro. Surpresa! Na Sé, o Menino Jesus tem uma cartolinha, guarda-roupa e já uma certa idade. Só nós.

Ida a Zamora. Perante a terra de El Cid e da imponência do castelo de Dona Urraca, mais do que um grito pelo Tratado da Independência, o orgulho pela nossa identidade.

Volta por Mogadouro, berço de Trindade Coelho e de um Sá Fernandes antigo, companheiro do escritor referido no livro “In Illo Tempore”. Será que os dois, “lá em cima”, comentam o arranjo da praça (Trindade Coelho) que fizemos em Lisboa?

30 de Dezembro
Na ponta mais oriental de Portugal, em S. João das Arribas, a olhar, como as águias, o Douro abrupto e geológico. Lá em baixo, um barco para levar viajantes, no percurso que ganhou o
primeiro prémio de Turismo. A fazer.

Visita ao museu de Miranda para encontrar as máscaras que, todos os anos, aparecem na Festas de Lisboa. O adeus de até breve.

No regresso à capital, a mirar castros e berrões, com passagem por Freixo
de Espada à Cinta e Barca d’Alva – o sítio de Guerra Junqueiro, a recordar o
jardim de Lisboa que tem o seu nome (“Jardim da Estrela”). Dormida em Figueira
de Castelo Rodrigo.
31 de Dezembro
A terminar o passeio, visita ao castelo do “traidor”
Cristóvão de Moura e a pensar no baptizado ibérico a que ia mais logo. Ainda bem
que os tempos são outros.
Baptizada a Diana e foguetes para o novo ano, em família.