terça-feira, 4 de agosto de 2009

Unir Lisboa

Na passada quinta-feira foram apresentados os nomes da candidatura Unir Lisboa, de António Costa, com quem assinámos um acordo para as eleições autárquicas em Lisboa.

As listas, à CML e AML, integram vários elementos pela associação "Lisboa é Muita Gente", além de mim que ocuparei a quarta posição, como Carmo Afonso ou Duarte Mata.

Aqui fica o discurso que proferi nessa noite.

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Cidadãos de Lisboa
Amigos de Lisboa

Há dois anos Lisboa estava mergulhada numa das mais graves crises da sua história.
Instalara-se o caos financeiro. Os fornecedores tinham deixado de ser pagos. Mesmo os mais pequenos, o que teve as mais nefastas consequências na vida das pequenas e médias empresas da cidade. As obras paravam porque as contas dos empreiteiros também não eram liquidadas. Por toda a cidade, havia estaleiros de obras interrompidas. Ao mesmo tempo, a Câmara Municipal de Lisboa envolvia-se em gastos irracionais e em contratações externas sem nexo e sem critério.

Instalara-se o caos urbanístico. A especulação imobiliária tomara conta da cidade. O seu desenvolvimento estava à mercê de uma dúzia de especuladores que aprovavam o que queriam e como queriam. Seguiam-se as trapalhadas jurídicas de processos conduzidos à margem da lei, como a sindicância entretanto ordenada veio a revelar sem margem para qualquer dúvida.

Instalara-se o caos moral. O mais desavergonhado tráfico de influências campeava. O cheiro fétido da corrupção fazia sentir-se. Os interesses da comunidade eram sistematicamente postergados. Esqueciam-se os valores e só mandavam os interesses.
Hoje, após dois anos de uma gestão rigorosa e séria, mudou o sentido das coisas. Não que Lisboa viva no melhor dos mundos. Não que Lisboa tenha deixado de ser uma cidade gravemente doente que precisa de curar-se da sua principal chaga: a desertificação. Não que a maioria que governou a cidade tenha actuado sem erros, que seguramente cometeu e que não deve escamotear e desvalorizar.

Mas o rumo que nos levava ao caos – ao caos financeiro, urbanístico e moral – esse foi invertido.

Hoje Lisboa está no rumo certo.

Garantimos o saneamento financeiro que evitou o colapso da autarquia, regularizou os pagamentos aos fornecedores e permitiu a retoma das obras paradas. Integrámos os trabalhadores a título precário. Começámos a reestruturação das empresas municipais. Começámos com a elaboração de um orçamento participativo e com a realização mensal de reuniões descentralizadas da Câmara nas freguesias. Adoptámos regras urbanísticas claras, simplificando os procedimentos administrativos e promovendo o combate à corrupção e ao tráfico de influências.

Garantimos a aprovação das medidas preventivas de salvaguarda do plano verde que puseram travão à degradação, que ameaçava ser irreversível, da sua estrutura ecológica.

Lançámos a obra histórica de despoluição do rio Tejo, evitando o escoamento dos esgotos sem tratamento.

No que diz respeito à área a que mais directamente estive ligado, avançámos com projectos e obras que permitirão que até Outubro de 2009 se conclua finalmente o corredor de Monsanto – com a ligação do Parque Eduardo VII a Monsanto, velha aspiração agora concretizada –, executando ainda várias parcelas dos corredores verdes que Lisboa vai ter: os corredores ocidentais, os corredores orientais, o corredor da cidade moderna, o corredor periférico, o corredor do Regueirão dos Anjos. Tudo está em marcha e garantirá que o velho sonho de Gonçalo Ribeiro Telles e da sua escola se possa finalmente se concretizar.

Já concluímos ou temos em curso obras de recuperação na grande maioria dos jardins e miradouros da cidade de Lisboa: jardins de Goa, Praça das Flores, Jardim das Cerejeiras, São Pedro de Alcântara, Jardim das Francesinhas, Praça Trindade Coelho, Miradouro Boto Machado, Torel, Monte Agudo, Penha de França, Parque Bensáude, Jardim Gandhi, argo da Anunciada, Bairro Grandela, laterais da alameda de Universidade, Jardim de Santos, Jardim Cesário Verde, etc., etc..

Até Outubro de 2009 teremos 28 Km de pistas cicláveis: do Cais do Sodré a Belém, de Monsanto a Campolide e Benfica. De Benfica ao Campo Grande, de Telheiras ao Campo Grande e à Av. Gago Coutinho, da Av. Gago Coutinho ao Parque Expo.

Adoptámos uma estratégia-ambiental, com metas calendarizadas e com resultados já alcançados na redução do consumo de electricidade na iluminação pública e na redução de desperdícios.

Temos hoje uma base política sólida para continuar esta luta. Foi pena que alguns tivessem sobreposto os seus interesses partidários aos interesses da cidade de Lisboa e não tivessem querido participar neste amplo movimento, que é o único que pode garantir a revitalização da cidade.

Mas os que aqui estamos vamos ser suficientes para levar essa missão a bom porto, com o apoio e a participação efectivas dos cidadãos de Lisboa e de todos os amigos de Lisboa. Com os que são do Partido Socialista, com os que integram as associações cívicas que apoiam esta candidatura, com os renovadores comunistas, os monárquicos e os independentes que apoiam este projecto.

António Costa e o Partido Socialista, Helena Roseta e o movimento Cidadãos por Lisboa e o movimento Lisboa é Muita Gente, que conta com independentes das mais variadas áreas, como Gonçalo Ribeiro Telles, Delgado Domingos, Miguel Ramalho, Manuela Raposo Magalhães, José Fonseca e Costa, Luís Coimbra, Ana Prata, Carmo Afonso, António Braga, Augusto Cid, Cristina Sampaio, Duarte Mata, Virgílio Castelo ou Miguel Guilherme, entre muitos outros, seremos um esteio forte na revitalização da cidade de Lisboa.

No que me diz respeito, tenho duas prioridades fundamentais.

Por um lado, garantir a defesa da estrutura ecológica municipal e da área metropolitana onde Lisboa se insere, em coordenação com a preservação do património e com os planos de edificabilidade e de estruturas.

Seremos um penhor fiel de que no próximo mandato consolidaremos as áreas ecológicas estruturantes da cidade, em todos os corredores verdes há muito previstos pelo seu plano verde. Prosseguiremos a recuperação dos jardins e miradouros da cidade. Instalaremos finalmente um programa de fomento de agricultura urbana. Exigiremos que, se for avante o desmantelamento do aeroporto da Portela, nesses terrenos se assegure o prosseguimento do corredor periférico da cidade. Promoveremos a abertura ao público de áreas a que hoje os lisboetas não têm acesso, como sejam as do Aqua Parque e do Convento da Graça.

Seremos um penhor fiel de que no corredor da frente ribeirinha não haverá novas construções, garantindo a dignificação desse espaço público para uso das populações, sem prejudicar a operacionalidade do porto de Lisboa, mas assegurando que o acréscimo de contentores só será assegurado se for igualmente garantido o seu escoamento por comboio ou barcaças.

Seremos um penhor fiel de que consolidaremos e completaremos o plano da rede ciclável, num quadro geral que favoreça os transportes públicos, a circulação de peões, bicicletas e outros modos suaves.

Seremos um penhor fiel de que teremos melhor espaço público, com quiosques, esplanadas, equipamentos colectivos e zonas de cultura e diversão que cativem e fixem os visitantes.

Seremos um penhor de que prosseguiremos a estratégia energética e ambiental já aprovada.

Por outro lado, estaremos sempre especialmente vigilante para garantir uma gestão municipal transparente e rigorosa. Lutaremos pela criação de um cargo de provedor de munícipe. Lutaremos por que a Câmara acompanhe os processos criminais em curso, que envolvem uma grande parte daqueles que foram membros da equipa de Santana Lopes e Carmona Rodrigues, hoje a braços com a justiça. Lutaremos pela realização de um livro branco sobre os negócios da cidade que foram envoltos em suspeitas graves de práticas administrativas irregulares ou de acção criminosa. Estaremos sempre na primeira linha do combate à corrupção para que os Bragaparques desta vida não ousem comprar a consciência de mais ninguém.

Com António Costa e o Parido Socialista, com Helena Roseta e a associação Cidadãos por Lisboa, com a associação Lisboa é Muita Gente, com os cidadãos e amigos de Lisboa que se revêem nestas preocupações e neste projecto, Lisboa só tem a ganhar e Lisboa vai ganhar.

Viva a nossa cidade!"

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